terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Chiquinho...












Tive um macaquinho igualzinho a este.

Se fosse hoje não o teria...a minha consciência ecológica cada vez mais apurada e cada vez mais crítica, o meu profundo respeito pela natureza levar-me-ia a devolvê-lo ao seu habitat natural.

Não foi assim e isto passou-se na minha adolescência, em África. Teria eu os meus 15 anos...o meu pai apareceu em casa com o Chiquinho.

O meu pai adorava animais...e este, encontrou-o numa picada, no meio do mato, ao lado da mãe morta. Seria bébé, indefeso...deixou-se apanhar, aninhando-se no colo.

Tratado como um elemento da família, cresceu cheio de mimo...imitava tudo e todos...dormia na minha cama e deitava-se com a cabeça na almofada. Com as mãozinhas aconchegava os lençóis ao pescoço tal como eu fazia...era o máximo, um doce encanto...o problema era demanhã, ao toque do despertador...sentava-se ao meu lado e com os seus dedinhos abria-me as pálpebras com as unhitas...qual x-ato!!!!

Adorava-o.

Bebia água com um copo e adorava batas fritas...o seu petisco favorito...

Era o mano da minha mana, 11 anos mais nova, ela vestia-o, pentava-o...eu sei lá...brincavam de igual para igual. Grandes amigos! Até o castigo da minha mãe era igual para os dois...chinelo na mão, ameaçava-os...o Chiquinho arrancava-lhe o chinelo da mão e a seguir era ele que ia atrás dela a ameaçá-la... só visto!

E ele sempre a crescer...naturalmente...

Já era um jovem, começou a saltar pelas varandas dos vizinhos e roubava fruta...entrava nas salas e toca a "assaltar" as fruteiras que se encontaravm nas mesas, qual decoração da época.

Bom, o certo é que começaram a chover as queixas dos lesados, que quando o enxotavam...eram ameaçados com caretas e dentição à mostra...do tipo...vou-te morder!

Tentámos de tudo...mas ele escapava-se sempre! Lá ia ele p'rá malandrice do costume...gamanço!

A dada altura não houve outra saída...devolvê-lo à mãe natureza!

Na época, o meu pai tinha um acampamento lindo, no meio do mato...todo em paliçada, com cabanas, cozinha e casas de banho. Era a obra de construção e terraplanagem da estrada da Ponta do Ouro. Era o seu ofício.

Claro está que o Chiquinho foi para lá...aí ele sentia-se como peixinho na água...ia e vinha da selva, conforme lhe apetecia...até que um dia nunca mais voltou.

Quero acreditar que ficou bem, que arranjou por lá uma família e continuou a sua espécie...

Tive um desgosto tamanho que já nem me recordo quanto tempo chorei...concluí na altura que nunca mais queria ter bichos em toda a minha vida.

É obvio que tal fundamentalismo não é a minha forma de vida! Tenho 4 cães e 2 gatos! Sofro imenso quando algum termina por cá o seu percurso...that's life!

7 comentários:

Sofia disse...

Caso para dizer, granda chiquinho!;)
Gostava de o ter conhecido, bem podia ter nascido mais cedo, ó mãe!
Foi o melhor para ele, ter voltado para o sei habitat natural, mas deve ser tão engraçado ter a experiência de viver com um macaco...os animais já são bastante inteligentes, e os macacos tão parecidos com o homem, devem ser demais.
Imagino as recordações que guardas do chiquinho...até deve doer no peito.

Beijinhos!

Mont'Alves disse...

Bem não querendo ser mau, vai-se um Chiquinho mas logo se pendura outro :)

Espero que o meu "chiquinho" demora algum tempo a dar á costa AHAHAHAHAHAH

Tombazana disse...

É verdade...dói mesmo.

Em África vivi experiências de sonho, guardo-as na minha alma e ao revê-las, aumenta a minha energia interior que me ajuda a prosseguir caminho...

Xi-coração

Tombazana disse...

Boa piadinha Rui...:)

Beijinhos muitos

Sofia disse...

O menino Rui está cheiooo de piadinha!:)

Geovana disse...

Que lindo... tb acredito que ele achou uma macaquinha e fez muitos macaquinhos, faz parte da natureza deles. Beijos.

Tombazana disse...

Obrigada Geova...para ti aquele abraço