terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Ode ao Gato...SÁSSÁ














Ode ao Gato


Os animais foram imperfeitos, compridos de rabo, tristes de cabeça.


Pouco a pouco se foram compondo, fazendo-se paisagem, adquirindo pintas, graça, vôo.
O gato, só o gato apareceu completo e orgulhoso: nasceu completamente terminado, anda sozinho e sabe o que quer.

O homem quer ser peixe e pássaro a serpente quisera ter asas, o cachorro é um leão desorientado, o engenheiro quer ser poeta, a mosca estuda para andorinha, o poeta trata de imitar a mosca, mas o gato quer ser só gato e todo gato é gato do bigode ao rabo, do pressentimento à ratazana viva, da noite até os seus olhos de ouro.

Não há unidade como ele, não tem a lua nem a flor tal contextura: é uma coisa só como o sol ou o topázio, e a elástica linha em seu contorno firme e sutil é como a linha da proa de uma nave. Os seus olhos amarelos deixaram uma só ranhura para jogara as moedas da noite.

Oh pequeno imperador sem orbe, conquistador sem pátria mínimo tigre de salão, nupcial sultão do céu das telhas eróticas, o vento do amor na imterpérie reclamas quando passas e pousas quatro pés delicados no solo, cheirando, desconfiando de todo o terrestre, porque tudo é imundo para o imaculado pé do gato.

Oh fera independente da casa, arrogante vestígio da noite, preguiçoso, ginástico e alheio, profundissimo gato, polícia secreta dos quartos, insignia de um desaparecido veludo, certamente não há enigma na tua maneira, talvez não sejas mistério, todo o mundo sabe de ti e pertence ao habitante menos misterioso, talvez todos acreditem, todos se acreditem donos, proprietários, tios de gatos, companheiros, colegas, díscipulos ou amigos do seu gato.

Eu não. Eu não subscrevo. Eu não conheço o gato. Tudo sei, a vida e seu arquipélago, o mar e a cidade incalcullável, a botânica, o gineceu com os seus extrávios, o pôr e o mesnos da matemática, os funis vulcânicos do mundo, a casaca irreal do crocodilo, a bondade ignorada do bombeiro, o atavismo azul do sacerdote, mas não posso decifrar um gato. Minha razão resvalou na sua indiferença, os seus olhos tem números de ouro.



Pablo Neruda


O nosso Sássá na foto...a caminho dos 13 anos!

Lindo, inteligente, super meigo e muito fofinho.

4 comentários:

Geovana disse...

Amei o texto, não conhecia. Gato é isso mesmo, gosta de si, se acha o máximo e gostamos deles por isso. Sabem ser delicados e elegantes. Sabem fazer carinho e dizer o que querem.

Seu Sassá está ótimo e muito bonito.

Beijos.

Sofia disse...

Concordo com todos os adjectivos que deste ao Sassá, mas esqueceste do mais importante, MUITO PORCO!Nunca conheci um gato igual, o que tem de tão lindo e fofinho tem igualmente de porco.:)

Beijos!

Tombazana disse...

É verdade...o Sássá é porco por excesso de higiene...basta ter uma caca no wc dele e já não volta lá...faz fora do penico!!!!!Foi sempre assim.

Geovana, muito obrigada e eu passo sempre no Menino Rude.

Beijinhos Sofia e Geovana.

Salva disse...

Ciao Tombazana,
avevo pure io un gatto, un mix tra un gatto tigre e gatto siam. Portato da un viaggio in Austria. Il nome era Ramon, ed era il gatto piu´ pazzo che possa esistere :) L'ho dovuto dare via a otto anni perche´ ero poco in casa, e dove e´ adesso sta´ molto bene, con giardino e tutto.

Adoro Pablo Neruda. Se posso darti un consiglio, se non conosci. C'e´ un film bellissimo degli anni novanta che tratta di Neruda e la sua poesia, con una bellissima storia, musica premiata con l'oskar.
Qui un link: http://pt.wikipedia.org/wiki/Il_postino

Il trailer: http://www.youtube.com/watch?v=XXCC7SdJW1o

Saluti da Colonia congelata (-10gradaus)

Salva :)