quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Este HOMEM que eu tanto admiro....


Gonçalo Ribeiro Telles (n. 1922), Arquitecto Paisagista, ex-Ministro de Estado e da Qualidade de Vida, considerado o primeiro ecologista português.

Entrevista a Gonçalo Ribeiro Telles - por Sofia Sá da Bandeira:

SSB(...)falemos da importância dos espaços verdes...

GRT - São fundamentais para a cultura das pessoas. As cidades cresceram de tal maneira que não poderão ser sustentáveis sem uma circulação da água, do ar, da matéria orgânica, sem serem um recreio para as pessoas. A paisagem que existia à volta das cidades desapareceu. É preciso recuperar a função que o campo tinha à volta e dentro das grandes cidades.

SSB - E ainda vamos a tempo?

GRT - Não temos outro remédio. Senão a cidade desaparece. O espaço verde deve passar a ser também o espaço de produção da cidade. O ano passado, em Chicago, abriram vários mercados para a venda de produtos produzidos em espaços dentro da própria cidade. Espaços que são simultaneamente de produção e recreio. Tudo interligado, como eram as nossas quintas tradicionais, tinham a horta, o pomar, a mata e os trajectos, e os miradouros...

SSB -Acha que há consciência clara desse problema, dessa urgência?

GRT - Ainda estão todos muito alheados como se pode ver pela propaganda imobiliária, com aqueles jardins com palmeiras, com senhoras deitadas ao lado da piscina, o condomínio. Esta, ainda é a referência que as pessoas têm, uma referência errada, dramática sem futuro.

1 comentário:

Geovana disse...

Hoje conversávamos sobre isso aqui no trabalho. Aqui em Salvador (BA-BR) criou-se a moda dos grandes apartamentos com piscinas, fitness e diferentes salões. Nenhuma área verde, nenhuma área para passear com os cães ou fazer uma corrida matinal. O pior... desmatando o restinho de mata atlântica que temos. Vejo num futuro próximo pessoas estressadas, trabalhando o dia inteiro para pagar caros condominios de um lazer que não vão usar e correndo nos finais de semana para casas de praia tentando encontrar a paz diante da natureza.
Ô ser humano complicado!