Por aqui me banho...
Por aqui busco energia...
Por aqui repouso...
Por aqui dia após dia...
Me sinto no melhor dos mundos...
É esta a minha relação com este mar imenso, simultâneamente belo e rebelde...onde a minha máxima é o respeito, onde só vou até onde ele me deixa ir...
A verdade mesmo é que a tal "barraquita" junto ao mar continua cá a ruminar..."o que tem que ser tem muita força", onde é que eu já ouvi isto!?
Vou fazer tanta força, tanta força que se não quebrar (de tanta força)...lanço a 1.ª pedra...pedra, pau...and so on, and so on...
Memórias da minha infância vivida em Moçâmedes, hoje Namibe, em Angola, numa casa à beira mar...toda a noite aquele mar rugia, embalando-me num sono profundo...às vezes de medo, especialmente nas marés vivas.
Por vezes chegava ao nosso jardim...de manhã tudo era mar...depois, ele recuava...
E eu, com a minha bóia preta (câmara de ar dum pneu), atirava-me às ondas e nadava bem para trás da rebentação e por ali andava horas, sozinha, eu e o mar...
Sentia-me completamente segura...afinal de contas havia lá maior segurança do que a minha bóia preta!?
O busílis da questão era quando avistava a mota do meu pai, marginal fora, pois vinha almoçar a casa!!! God save-me!
Enrolava-me numa onda e vinha dar com os costados à praia...era uma saída um pouco radical, convenhamos, de todo preferível ao castigo que me esperava, caso não estivesse em casa a tempo e horas do almoço.
Acontecia por vezes ser mal sucedida e aí tinha que ser o meu pai a lançar-se à água para me ir buscar...claro está que o pacote incluía o castigo!
Mas o crime compensava e no dia seguinte lá ia eu de novo fazer mais do mesmo!
Se me tivessem ensinado as marés eu teria concluído que com a maré a descer, bem podia dar às pernas que quanto mais nadasse mais me distanciava da praia, certo!?
Estas seriam as saídas mal sucedidas! Penso eu agora...ou seja...os castigos na maré a vazar :)
Como eu confiava na minha bóia preta!
Na minha "barraquita" que terei à beira-mar, vou ter uma bóia preta, para me sentir mais segura :)